30/06/2008

Espeleo fazia; não, espeleofagia

"Pourquoi, alors, cette passion pour la spéléologie? Nous nous posons souvent à nous-mêmes cette question, obtenant des réponses inattendues, les plus simples d’ordre géographique, les plus complexes d’ordre embryologique.
Bien sûr parmi les spéléologues on compte ceux qui auraient accompagné Christophe Colomb et qui, n’ayant plus d’Amérique à découvrir, foncent dans cet univers gisant, la, aux flancs de nos montagnes et sous nos plateaux, un univers pratiquement inviolé. Ceux que tente aussi l’aventure définie comme non quotidienne. Ceux qui veulent aller au-delà de leur carte d’identité. Puis viennent ceux pour qui vaincre est la satisfaction d’un instinct de puissance, et qui ne trouvent plus à vaincre dans leur vie sociale. Plus loin déjà, maudissant la caverne et cependant fidèles, il y a les copains, au sens étymologique du mot, qui donnent son sens à l’équipe, qui s’accomplissent dans son fonctionnement harmonieux ; ceux pour qui vaincre une difficulté, en se disant que tout le dispositif de sécurité est en place, fonctionne, rassure, est plus important que la découverte. Je n’oublie pas les spécialistes, les géologues heureux de voir les choses du dedans, les entomologistes qui se gèlent pendant des heures à l’affût de leurs petites bêtes, les hydrogéologues qu’une bonne crue contente, comme un providentiel étiage… J’ai gardé pour le fin mon ami le señor don Felice Ruiz de Arcaute Van de Stucken, dont il sera plus loin longuement question. « Je vais en caverne, dit-il, parce que j’y retrouve une sensation étrange, comparable à celle que j’éprouvais dans le sein de ma mère. Je me souviens de cet endroit où j’étais parfaitement heureux, où il faisait bon, chaud, rose...
»" É desta forma que Corentin Queffélec, em Jusqu’au Fond du Gouffre - Record du monde à la Pierre Saint-Martin (Spéléo Éditions, 1994) resume algumas das motivações dos espeleólogos e afins!... E afins?

Já sabíamos, por experiência própria e há bastante tempo, que as motivações de quem visita, explora e/ou estuda cavidades naturais são múltiplas e, por vezes, até dispares. Até aqui nada de novo. Iremos voltar futuramente a este assunto (motivos e motivações, tal como à obra de Queffélec), mas o objecto desta posta centra-se mais no porquê de chamar a essa actividade “espeleologia” e, sobretudo, sobre outras designações que têm surgido para designar essa ou outras actividades digamos semelhantes! Complexo, não é? Sei que este assunto não é simples e não se esgotará certamente aqui :) Como vivemos numa época de hiper-especialização e inovação não seria de estranhar “novas ondas”, novas palavras ou novas designações, tal como “spéléistes” ou “spéléophages”! Acontece que a obra de Queffélec foi publicada pela primeira vez em 1968 e foi reeditada em 1994, portanto a moda já vem de longe! E, se é certo que já nos habituámos a palavras como “espeleismo” e “espeleístas”, que alguns teimam em impor no panorama português apesar de que não terem colhido grande aceitação noutras paragens, ou até estarmos preparados para designações ao nível de um “grutário do espeleoscópio”, deveria haver limites para o possível… Mas não há e a prová-lo temos palavras como“espeleófago” e, obviamente, “espeleofagia”, que remeter-nos-iam para uma "espeleopédia". Nem mais!
"Les grandes explorations parfois dramatiques, gouffre de la Pierre Saint-Martin (M. Cousyns, N. Casteret, H. Tazieff, M. Loubens), trou du Glaz (P. Chevalier), gouffre Berger, Henne-Morte (F. Trombe), Piaggia Bella (Y. Créac’h et N. Chochon, G. Rouire), font apparaître la notion de record de profondeur et développent le côté médiatique de la spéléologie. Elle devient un sport, un alpinisme à l’envers, aussi certains tent-ils sans succès d’imposer le terme spéléisme pour définir cette branche de la spéléologie. (Gilli, 1995)" Portanto, nesta linha, poderíamos apelidar os coleccionadores de grutas de “espeleófagos” e a prática pura e simples de coleccionar cavernas de “espeleofagia”: literalmente o acto de papar grutas. Que tal? Desta forma sempre se poderiam distinguir os espeleo-cientistas (espeleólogos) dos espeleo-desportistas (espeleístas) ou os espeleo-coleccionadores (espeleófagos) dos espeleo-turistas (a inventar)!!! Motivador, não é?

24/06/2008

Enigma

Ibne Ammar (Algarve) © CEEAA (2006)

Enigma

No fundo de tudo quanto pensamos
Há a caverna do que nós vemos
Sonhos lhe bóiam na sombra aberta.
Uma árvore vela-a com rede-ramos
Terá de ramos luzindo pomos
Pomos-estrelas na noite deserta.

Por trás das costas do visto mundo
Por trás de nós se sonhamos ver,
Fogem de um onde ladeando estar,
Ramos sem sede cruzando o fundo
Do pensamento e caverna – ser
Com sonhos boiando no cavernar.

Quando – boiando do fundo da alma.
Com pomos luzindo na árvore-parte,
Com o segredo por trás de aquém…
Brilha um instante na luz sem calma
Como um relâmpago de’standarte,
E em tudo isto não há ninguém.

Fernando Pessoa, Poesia (1918-1930)


Solestreira (Algarve) © Pedro Cuiça (2007)

Solestreiras, um sítio desprotegido

[Conservação - jornal Forum Ambiente, nº 49, 4 de Novembro de 1995 ● jornal O Algarve, 14 de Dezembro de 1995]

Solestreira (Algarve) © Pedro Cuiça (2007)

O crepúsculo insinua-se sobre as colinas carbonatadas, fugindo os últimos raios solares para as bandas do poente entre o cheiro intenso das labiadas: é o momento em que os morcegos saem das grutas da Solestreira para povoarem os céus nocturnos em busca de caça. Cenário cíclico de um fim de tarde, desde remotos tempos, na Fonte da Benémola. No entanto,… ainda há morcegos?

A afluência, ao longo dos anos, de grande número de pessoas às grutas da Solestreira, a que não estará alheio o facto de virem assinaladas em alguns mapas e guias turísticos e serem de fácil acesso, tem vindo a degradá-las rápida e irreversivelmente.
Locais tradicionalmente de hibernação e de criação de morcegos (onde se referenciou a existência de uma colónia com cerca de mil Miniopterus schereibersi e Myotis blythi), as grutas da Solestreira chegam a ser visitadas por centenas de pessoas durante o ano, advindo daí graves prejuízos para a população destes animais. De facto, neste Sítio Classificado da Fonte da Benémola, os morcegos das Solestreiras já não preenchem os céus nocturnos, porque poucos restam.
Cerca de metade das 24 espécies de morcegos (quirópteros) conhecidos em Portugal utilizam grutas naturais como abrigo (ou seja, são troglófilos). Durante as últimas décadas, as populações de morcegos cavernícolas das regiões temperadas têm, em geral, vindo a diminuir. A situação de ameaça de extinção em que se encontram, a nível europeu, torna imperativo a defesa das colónias contra a perturbação das grutas-abrigo mais importantes e representativas.
As causas da diminuição das populações de morcegos são inúmeras e variadas. Contudo, no nosso País parecem ser três os factores responsáveis por esse decréscimo: o uso (e abuso) de pesticidas na agricultura, a destruição do habitat e a perturbação das colónias de quirópteros cavernícolas por parte do Homem.
O desaparecimento de uma colónia de morcegos não é somente grave para o património faunístico, como tem consequências difíceis de avaliar nos ecossistemas da região e das próprias grutas. O guano de morcego que se acumula nas cavernas é o suporte de uma fauna particular.
A fim de proteger as populações de morcegos e biocenoses do guano a elas associadas, verifica-se a necessidade de regulamentar o acesso às grutas de maior importância como abrigos de morcegos, estratégia que tem sido adoptada com sucesso noutros países. Outra medida, mais drástica, será proceder à colocação de gradeamentos que não prejudiquem a entrada e saída de morcegos e não alterem o clima da caverna, como sugere o biólogo Jorge Palmeirim.
As populações de quirópteros são particularmente frágeis devido à sua baixa natalidade, tendo cada fêmea geralmente uma cria por ano e raras vezes duas. Daí que as populações que tenham sido numericamente afectadas recuperem muito lentamente os seus efectivos.
Na época de criação (de Março a Maio), a perturbação de colónias pode provocar uma alta mortalidade entre os morcegos juvenis, que caem do tecto no meio da confusão, ou levar mesmo ao abandono da gruta. Durante os meses quentes do ano, os morcegos insectívoros acumulam energia no corpo de modo a sobreviverem à falta de alimento do Inverno, entrando então no período de hibernação (de Novembro a Março), com vista a minimizarem os gastos energéticos.Se as reservas alimentares acumuladas não forem suficientes para toda a época fria, os morcegos incapazes de se alimentarem terão grandes possibilidades de morrerem. Daí que, se a hibernação for frequentemente interrompida pela presença ou acções por parte dos homens, os morcegos possam não sobreviver até à Primavera, época em que poderão novamente caçar no céu nocturno.


Jornal Forum Ambiente

Jornal O Algarve

23/06/2008

O Verdete

Grutas de Santo António (PNSAC) © Pedro Cuiça (2005)

Este “verdete” não resulta de deposição de mineralizações de cobre, nem de algo que se assemelhe, trata-se apenas de organismos clorofilinos que desenvolvem a sua natural actividade fotossintética neste meio, supostamente escuro, agora sob efeitos de luminotéctica. Também conhecido por “mal verde”, este fenómeno é frequente em muitas grutas turísticas que não implementaram as necessárias medidas para evitar ou mitigar os efeitos da “bicheza” associada à luz artificial. De qualquer modo, para alguns essa e outras colorações poderão revelar-se interessantes nesses meios caracterizados por alguma monotonia cromática. Será por isso que, por vezes, alguns recorrem a grafites ou pinturas?
Também há quem não aprecie coloridos alóctones e se dedique à limpeza da microflora de origem antropogénica, responsável pelo mal verde, ou outras maleitas...

Rocha da Pena: Um relevo vigoroso

Rocha da Pena (Algarve) © Pedro Cuiça (1986)

Rocha da Pena (Algarve) © DR (2006)

[Conservação ● Jornal Forum Ambiente, nº 55, 16 de Dezembro de 1995]

A Rocha da Pena, localizada no limite setentrional do Barrocal algarvio, a norte da estrada entre Alte e Salir, no concelho de Loulé, constitui um biótopo de grande interesse e é o único relevo verdadeiramente vigoroso no Algarve.

A pitoresca Rocha da Pena (480 m), Sítio Classificado segundo o Decreto-Lei nº 392/91 de 10 de Outubro, é o único relevo verdadeiramente vigoroso existente no Algarve. Carso alcandorado, alongado segundo uma orientação geral E-W (este-oeste), ultrapassa 50 metros de altura na vertente sul.
O modelado cársico, expresso por diversas formas lapiares, está bem patente quer nas vertentes quer no topo da elevação. Uma dolina de abatimento dá acesso ao Poço dos Mouros, caverna rica em tradições e uma das maiores do Algarve.
A vegetação varia desde formações pioneiras sobre rocha nua e litossolos a diversos estádios de maquis e garrigue flora característica do Barrocal, constituída por agrupamentos típicos de plantas mediterrânicas, que engloba nove espécies endémicas e é, na sua composição variada, um elemento de grande beleza paisagística.
Os verões quentes e secos imprimem o carácter estépico da vegetação herbácea e explicam a dominância de árvores e arbustos de folha perene. Esses longos estios determinaram também inúmeras adaptações xerófitas: folhas reduzidas, cobertas de pêlos ou de verniz, coriáceas, aceradas ou tomentosas e resinas odoríferas responsáveis pelo aroma inconfundível dos carsos mediterrânicos.
Apesar de degradada, a fauna da Rocha da Pena apresenta ainda uma diversidade e ocorrência de espécies raras que importa salvaguardar. De entre os mamíferos destacam-se o Geneto, o Saca-rabos, a Raposa, a Lebre, o Coelho e diversas espécies de morcegos. A avifauna é, também, de grande valor, destacando-se a presença de rapinas, como a rara Águia de Bonelli (Hieraetus fasciatus). De facto, existem referências que indicam ter sido a Rocha da Pena muito frequentada pelas rapinas. Por exemplo, Silva Lopes (1841) e Estácio da Veiga (1886) assinalam a existência de grifos, francelhos, milhafres e gaviões.
Relevo altaneiro, a Rocha da Pena constitui por natureza um miradouro de onde se poderá desfrutar largas vistas panorâmicas, sendo de referir a norte o vale da Quinta do Freixo e, mais longe, o relevo em montículos de toupeira da serra de xisto que se estende até à linha do horizonte, a oeste o entalhe de erosão da ribeira de Alte e a Rocha dos Sóidos (467 m), a sul a repousante paisagem que, do barrocal ao litoral, se espraia no azul, entre o céu e o oceano.
As serranias, arribas costeiras, ravinas e outros locais de difícil acesso eram tradicionalmente pouco frequentados pelo Homem, no entanto, o grande incremento das actividades de ar livre, que se verificou nos últimos anos, começa a reflectir-se na qualidade desses locais de grande beleza paisagística e riqueza natural. Apesar da Rocha da Pena ser um Sítio Classificado, as acções do Homem contra o património natural aí existente são uma realidade. Por exemplo, a afluência de grande número de pessoas à caverna do Poço dos Mouros tem provocado um impacte significativo nas colónias de morcegos aí existentes.
A Rocha da Pena merece ser visitada (e valorizada), no entanto, tenha-se em atenção que “não deixar mais que pegadas e não tirar mais que fotografias” poderá ser insuficiente para uma correcta conservação dessa área.

Rocha da Pena (Algarve) © Pedro Cuiça (2006)

20/06/2008

Tabuletas

PNSAC © Pedro Cuiça (2004)

Ilha de Tenerife (Canárias) © Pedro Cuiça (2005)

A problemática do acesso à "natureza" surge sob diversos aspectos, por motivos de conservação, de propriedade privada ou outros. Estas tabuletas são uma mostra disso mesmo...

A aventura da sustentabilidade

[Primeira parte da comunicação apresentada no IV Seminario Internacional sobre Senderismo y Territorio en Europa que decorreu, de 5 a 7 de Junho de 2008, em Málaga ● O trabalho em causa, não tendo sido concebido com base na realidade espeleológica, enquadra a prática de actividades de ar livre em Portugal, entre as quais se inclui a espeleologia.]

I. Enquadramento

As actividades de ar livre em Portugal, como a marcha e a escalada, surgiram no final do século XIX, com iniciativas como a Expedição Científica à Serra da Estrela (1881), em que se dá o primeiro registo de uma subida ao Cântaro Magro. O turismo era já apontado em 1898, por Anselmo de Andrade, como uma actividade a desenvolver, como catalisador da economia nacional, mas só no início do século XX é que se instituíram as primeiras estruturas oficiais de turismo (1911) e, simultaneamente, se organizaram as actividades e equipamentos complementares. Só a partir da década de 60 é que o turismo começou a apresentar uma expressão significativa no conjunto das actividades nacionais, facto atribuído à conjuntura económica (Grandes Guerras Mundiais e Guerra Civil de Espanha), bem como à condução da vida portuguesa por uma política pouco dada a mudanças.
As actividades de ar livre revelaram um significativo incremento, sobretudo a partir da década de 80, fruto do crescente interesse pelos, desde então, designados “desportos de aventura”. De facto, ao contrário do marasmo a que nos tinham habituado durante décadas, o grande interesse que passaram a suscitar é um dado novo. O contacto com a natureza tornou-se primordial favorecendo o surgimento, a par de práticas mais antigas, de novas abordagens do meio. A multiplicidade de actividades de ar livre é estonteante e não pára de aumentar: campismo, pedestrianismo, montanhismo, bicicleta de montanha (moutain bike) ou bicicleta todo-o-terreno (BTT), orientação desportiva, espeleologia, escalada clássica, escalada desportiva, bouldering, corrida de aventura, esqui, passeios equestres, mushing, paintball, canoagem, rafting, hidrospeed, vela, windsurf, surf, kitesurf, bodyboard, mergulho, canionismo (canyoning), coastering, parapente, asa-delta, balonismo, pára-quedismo, etc..
O número de praticantes é indeterminado, mas indubitavelmente elevado. A popularidade de actividades de ar livre nunca foi maior. Entre 2001 e 2007 foram fundadas 415 empresas de animação turística (dedicadas a desportos de natureza), com alvarás atribuídos pela Direcção-Geral de Turismo. Um indicador claro da popularidade destas actividades.
A sociedade evoluiu para modelos que implementam o usufruto de tempos livres, o exercício físico e a saúde, a (re)ligação à natureza e a busca de aventura. Os meios de transporte permitem deslocações cada vez mais rápidas e o gozo desses tempos de lazer é assumido como um direito adquirido. A necessidade de evasão, a busca de ocupações radicalmente diversas das que se experimentam na rotina do dia-a-dia, a fuga ao sedentarismo e à “selva urbana”, são algumas das motivações responsáveis pela crescente importância que as áreas naturais e as actividades de ar livre apresentam como alternativa de mudança para ritmos retemperadores do corpo e da alma.
As actividades de ar livre eram consideradas, há três décadas, uma ocupação dos tempos livres sem grande expressão; uma forma de recreio e de lazer em contacto com a natureza, pouco generalizada apesar de incentivada, nomeadamente pelos resultados benéficos para a saúde física e mental dos praticantes. O aparecimento de inúmeras abordagens do meio, o aumento exponencial do número de praticantes e o surgimento da profissionalização, entre outros indicadores, conduziu à inevitável integração dessas actividades na problemática da conservação da natureza, nomeadamente no que concerne ao acesso.
Os pioneiros de finais do século XIX dificilmente poderiam prever que as actividades de ar livre iriam sofrer um incremento exponencial, praticar-se em múltiplos moldes e transformar-se numa praxis acessível a todas as camadas sociais e etárias. Ainda não tinha sido montada uma indústria e um mercado específicos, dedicados a essas formas de recreio que passaram a atrair multidões. Esta revolução do ar livre estimulou o surgimento de muitas modalidades, bem como o desenvolvimento e a maturação de outras tantas, possibilitando nomeadamente a profissionalização na área. O outro lado da moeda, muitas vezes ignorado ou relegado para segundo plano, prende-se com os impactes ambientais resultantes dessas práticas.

Ar livre mas condicionado
Os locais de difícil acesso, tradicionalmente pouco frequentados pelo Homem, deixaram de o ser. Com efeito, a protecção devida à inacessibilidade do terreno já não funciona face ao incremento dos desportos de aventura, especialmente quando a construção de novas vias de comunicação, só por si, facilita o acesso e acessibilidades. Os locais isolados e agrestes, os últimos redutos da natureza, os locais onde ainda se encontram valores patrimoniais - geológicos, faunísticos e florísticos - mais ou menos bem preservados, deixam de o ser e passam a constituir os spots alvo de diversas actividades: montanhas, escarpados, canyons, grutas, etc..
A pretensa massificação das actividades de ar livre é vista, por muitos praticantes (e não só), como exagerada. Quem percorre vários quilómetros a pé nos planaltos da Serra da Estrela sem ver vivalma poderá ter essa percepção, mas quem já presenciou grupos numerosos de excursionistas barulhentos talvez não pense da mesma forma. A grande afluência de praticantes já se verificou em várias iniciativas e a polémica não se fez esperar. Recorde-se, como exemplo, a XII Marcha de Montanha, protagonizada pelos clubes de ar livre escolares, realizada, no dia 6 de Junho de 1992, num trilho do Lindoso, em pleno Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG). A marcha envolveu 40 escolas preparatórias e secundárias, 400 professores, mais de 2 000 alunos e cerca de 50 autocarros. No entanto, é fundamental não confundir a excepção com a regra e, por outro lado, será de elementar bom senso qualificar e quantificar os impactes em jogo para, só aí, tirar as devidas elações. Quais os impactes envolvidos numa única marcha com cerca de 2 500 pessoas (com características próprias), de duração limitada, num trajecto com determinadas características, que passa por uma envolvente particular, sob determinadas condições climatéricas e época do ano? As variáveis são múltiplas mas será certamente difícil imputar consequências trágicas ao acto de muitos praticantes, devidamente “enquadrados”, andarem a pé durante uma manhã ao longo de caminhos ou estradas que, inclusivamente, estejam abertos a trânsito motorizado!
As actividades de ar livre estão inevitavelmente relacionadas com as questões de conservação do meio no qual se praticam, mas não se podem dissociar também das questões referentes à segurança das pessoas e bens, tal como de outras questões igualmente importantes. (…)
As actividades de ar livre testam os limites físicos e psicológicos dos indivíduos, desenvolvem e devolvem de algum modo o sentido da existência, mas também comportam riscos. Para além dos incidentes e acidentes ocorridos no terreno, geram tribalismos, o aparecimento de grupos que se identificam não só pelo vocabulário, onde o estrangeirismo muitas vezes domina, como pelas roupas/marcas que usam. O rápido desenvolvimento dos desportos de aventura veio introduzir uma panóplia de novos hábitos, comportamentos e atitudes, sobretudo na população mais jovem. Devido à multiplicidade de componentes e à complexidade das interligações em jogo é fundamental promover estudos multidisciplinares, tal como implementar mecanismos de monitorização das actividades e de quantificação dos fenómenos para que se possa atingir o rigor exigido nos estudos sobre estas matérias. Para não incorrer em generalizações prematuras ou conclusões infundadas, há que ter em consideração a grande diversidade de actividades existentes (em permanente crescimento), as suas especificidades e o díspar número de adesão às mesmas. A avaliação das capacidades de carga e a monitorização de cada actividade e/ou conjunto de actividades nos locais de implementação são de primordial importância para uma gestão sustentada e consensual do vasto condomínio que é a natureza.
O fenómeno da “massificação”, associado às novas abordagens turísticas, não passou despercebido às entidades oficiais e a associações de diversa índole, tendo-se constatado a necessidade de desenvolver medidas consentâneas. A legislação ou a produção de normativas surgiu como uma forma de estabelecer regras num sector onde não as havia, muitas vezes enveredando pela implementação de condicionantes e, não raro, pelas proibições. Passados alguns anos sobre a implementação de medidas, a questão base continua a ser: como conciliar de forma adequada a prática de actividades de ar livre com a conservação da natureza?
A massificação dos terrenos de aventura será, sem dúvida, causadora de diversos impactes ambientais: pisoteio, incremento da erosão, destruição de vegetação, perturbação da fauna, detritos, risco de incêndio, etc. Mais, os impactes ambientais das actividades de ar livre deixaram de ser virtuais para se concretizarem no terreno. Actualmente considera-se que cada pessoa desempenha um papel, mais ou menos importante, nas alterações que se processam no meio: apesar das contribuições individuais serem pequenas ou mesmo insignificantes a sua soma poderá atingir proporções bastante significativas. Daí a importância da determinação de capacidades de carga, entre outros indicadores, com base em estudos de impacte ambiental idóneos. Só dessa forma se poderão criar planos de gestão e regulamentos adequados, que tenham em consideração a conservação da natureza e não descurem a liberdade de praticar desporto ao ar livre.
"Não deixar mais que pegadas e não tirar mais que fotografias" tornou-se uma fórmula ultrapassada, porque insuficiente, face aos problemas associados à prática de actividades de ar livre, sendo exigidas medidas concretas, fundamentadas e eficientes que resolvam o paradoxo de como proteger e simultaneamente divulgar. Torna-se evidente que a prática de actividades de ar livre terá de passar pelo diálogo entre os diversos intervenientes a fim de se atingir uma gestão coerente e equilibrada do património natural, bem como a salvaguarda do direito inalienável de usufruir os vastos espaços de ar livre, das formas mais livre e, simultaneamente, mais “ecológica” possíveis.

Áreas Protegidas
As áreas geralmente mais procuradas para a prática de actividades de ar livre coincidem com as pertencentes à Rede Nacional de Áreas Protegidas. Destacando-se, pela afluência, as zonas litorais e as inseridas ou próximas das áreas metropolitanas, de que os parques naturais da Ria Formosa (Algarve) ou de Sintra-Cascais (Península de Lisboa) constituem, respectivamente, bons exemplos. Na generalidade das áreas protegidas verifica-se que o fluxo sazonal é massivo, ocorrendo essencialmente no Verão (caso do Parque Natural da Ria Formosa), no Inverno (Parque Natural da Serra da Estrela) ou aos fins-de-semana e feriados (Parque Natural da Sintra-Cascais ).
As áreas protegidas são os destinos mais procurados por professores e/ou monitores para a realização de visitas de estudo ou acções de educação/interpretação ambiental, já que geram mais expectativas no que concerne à qualidade do ambiente. Essas áreas apresentam um vasto potencial educativo mas o objectivo da educação ambiental, a preservação das espécies e dos sistemas naturais ou semi-naturais que lhes servem de suporte, poderá degenerar no efeito oposto. Levar pessoas a esses locais de grande valor ecológico ou paisagístico poderá contribuir para aumentar os factores de perturbação dos ecossistemas e/ou desfigurar a paisagem. Se algumas áreas protegidas podem receber uma carga de visitantes elevada, em certos locais ou trajectos determinados, outras são muito frágeis no que respeita à presença humana.
O turismo activo pode contribuir para a dinamização das Áreas Protegidas, mas também pode ser, e é muitas vezes, causador de impactes ambientais. Se cada turista colher uma flor, após algum tempo, a vegetação ficará certamente empobrecida. Uma flor colhida fará o prazer fugaz de um indivíduo, mas uma flor viva, no seio da natureza, poderá constituir a delícia de inúmeros admiradores. Por outro lado, os locais são frequentemente invadidos por veículos motorizados e turistas ruidosos. Quebrando-se o silêncio, a fauna pode ser gravemente perturbada. Facilmente se constata que, por vezes, não basta levar o saquinho do lixo até um contentor ou vestir roupas de "cores ecológicas".
O turismo constitui um processo complexo, com relações causa-efeito nem sempre fáceis de determinar e que vão para além da conservação da natureza. Este pode conduzir, igualmente, a transformações significativas no tecido económico e social das regiões onde se processa. Com consequências positivas (por ex. na criação de emprego) e/ou negativas (como a adulteração dos usos e costumes locais), dependendo o seu resultado final essencialmente do modelo de desenvolvimento regional adoptado.
A questão base consiste na forma de conciliar a divulgação e a promoção de iniciativas de ar livre com a conservação da natureza. Deverá ser estabelecido um numerus clausus ou proibir o acesso a locais de grande beleza e/ou valor patrimonial? A tendência actual consiste no estabelecimento de diferentes níveis de protecção (leia-se condicionantes ou interdições) para cada área, de acordo com a sua classificação na Rede Nacional de Áreas Protegidas, e a cada sub-área, consoante os valores a preservar.
Uma das vocações das Áreas Protegidas consiste em permitir ao utente a possibilidade de usufruto da natureza. Contudo, os impactes ambientais resultantes da presença antrópica obrigam a uma conveniente gestão destas áreas. Estranho equilíbrio muitas vezes ambíguo e que urge resolver. O turismo de ar livre é, por um lado, incentivado e, por outro, refreado, limitado ou, mesmo, proibido, por vezes sem bases científicas ou que fundamentem as decisões tomadas.
Conscientes da importância das actividades de ar livre, os governantes tomaram medidas tendentes ao enquadramento das mesmas. Os secretários de Estado do Ambiente e do Turismo assinaram, no dia 12 de Março de 1998, o protocolo relativo ao Programa Nacional de Turismo de Natureza: uma parceria estratégica entre os ministérios do Ambiente e da Economia a fim de gerir a actividade turística em Áreas Protegidas.
O programa foi estabelecido por uma comissão paritária composta por representantes do Instituto de Conservação da Natureza (ICN), da Direcção-Geral de Turismo (DGT) e do Fundo de Turismo (FT). O plano surgiu da necessidade de desmistificar percepções erróneas, demonstrando que nas áreas protegidas é possível conciliar a conservação da natureza com uma actividade turística sustentada. Essa seria, aliás, uma forma de atenuar as assimetrias regionais, criando emprego e promovendo o desenvolvimento local. Na prática, o programa consubstanciou-se na implementação de alguns condicionalismos e outras tantas proibições. E se o mesmo não tem merecido mais contestação por parte de federações, clubes, empresas e praticantes é porque, na prática, grande parte das medidas não são aplicadas, nomeadamente devido à deficiente vigilância das Áreas Protegidas.
Por outro lado, não podemos esquecer que a prática de actividades de ar livre não se circunscreve às Áreas Protegidas, tornando-se igualmente necessário salvaguardar as restantes áreas. Nesse sentido os ambientalistas têm desempenhado um papel importante, tal como os próprios praticantes de actividades de ar livre. No entanto, a sua actuação nem sempre tem sido pacífica: é fácil compreender que os fundamentalismos e extremismos de ambas as partes não são de todo saudáveis…
Os espaços naturais, em geral, e as Áreas Protegidas, em particular, surgem como destinos turísticos privilegiados, sendo o designado "turismo de natureza" s.l. cada vez mais indissociável do tempo livre e das actividades de recreio e lazer. O crescente interesse pelo "natural" levanta, no entanto, problemas de conservação difíceis de gerir e de conciliar com os interesses dos praticantes e das próprias populações. A tendência actual, na linha do Plano Nacional de Turismo da Natureza (PNTN), pretende que o turismo venha contribuir, por um lado, para o desenvolvimento económico das regiões e, por outro, para a conservação da natureza. No entanto, ainda há um largo caminho a percorrer para atingir esse desiderato, nomeadamente no que concerne a recorrentes ambiguidades e contradições que ameaçam inquinar o processo e criar anticorpos entre aqueles que sonham com a liberdade dos vastos espaços de ar livre.
(...)

I'm going in...

© Cartoon Stock

Querida, é hoje que vou ultrapassar o sifão...



Aqui há gruta...

PNSAC © Pedro Cuiça (2006)

Este nome de rua é promissor... É caso para dizer: a toponímia é favorável. Agora resta ver onde se encontrará o "buraco", não é?

19/06/2008

Significados vitais

PNSAC @ Rúben Jordão (2004)

En busca de las sensaciones vividas en otros tiempos son muchos los recuerdos que se agolpan. Por ejemplo cuando se observan los cambios producidos en el mundo rural y la galopante humanización de la montaña, el desarrollo de los hábitos sociales y el estado de bienestar con el aumento del ocio y el tiempo libre con el consiguiente deseo de “consumir” lo verde por el gran público, la naturaleza.
Por otro lado la evolución del propio montañismo hasta la diversificación en los antaño inesperados deportes de riesgo y de aventura, la evolución de la tecnificación que obligan invadir las cumbres por torretas de comunicación, parques eólicos que han dejado pequeños a los buzones, cruces y vértices geodésicos de las cumbres de antes.
Son cosas que podríamos perdernos si no nos dignamos a contemplar estos ochenta años, como si pasáramos por el túnel del tiempo en breves segundos. Una mirada a estos tiempos pasados para la búsqueda de acontecimientos me ha llevado a revivir a través de mis diarios de montaña unas sensaciones ya olvidadas. Son al principio sensaciones plasmadas como niño que era y luego ya con otros ímpetus, los tiempos de la descubierta y la búsqueda de nuevos escenarios.
(…)
Más allá de la nostalgia por la pérdida de otros tiempos con distintos escenarios, de la curiosidad por el pasado, podremos encontrar en la historia de nuestro montañismo significados cercanos y vitales: la autosuficiencia, la medida del esfuerzo, la fortaleza, un saber no escrito sobre formas puramente autodidactas, la solidariedad y los buenos ratos pasados al abrigo de una roca, en la soledad del subsuelo, el barullo de un refugio de montaña y, en definitiva, la independencia de forma compartida en los últimos espacios libres que hoy aún nos quedan…
Juan Mari Feliu (El montañismo navarro visto desde la prensa, una larga historia de ochenta años; http//www.rutasnavarra.com)

Mortero de Astrana (Cantábria) © Pedro Cuiça (2007)

[Significados vitais por parte de um Homem de que tenho a honra de ser amigo há vários anos. Juan Mari Feliu colabora regularmente, desde 1963, em diversos periódicos e escreveu 19 livros sobre temas de montanha, fundou clubes, foi presidente da Federación Navarra de Montañismo (FNM), foi Director de Senderismo da Federación Española de Deportes de Montaña y Escalada (FEDME) e, actualmente, é Vice-presidente da Federação Europeia de Pedestrianismo (ERA - European Ramblers Association). Em 1966 fez parte da equipa de ponta que logrou o recorde de profundidade na Sima de San Martín e em 1967 integrou a Expedição Vasco-Navarra aos Andes do Peru que conquistou três cumes virgens,... Com mais de 50 anos de actividade, Feliu terá certamente algo a dizer sobre a evolução dos desportos de montanha nas últimas décadas. Significados vitais, sem dúvida.]

Caving, espeleismo e quejandos

© DR

CAVING
Emocionante atividade de Incursão em Cavernas, utilizando-se de técnicas como Rapel, Ascensão, entre outros. A atividade consiste em descer abismos, explorar fendas estreitas, e outras cavidades naturais, rastejando por condutos apertados, desbravando rios subterrâneos, procurando descobrir novas galerias, salões, belezas e mistérios das cavernas. Muito praticada em outros países como França, Itália e Austrália, no Brasil nasceu como um braço da espeleologia.
(…)
ESPELEO-TURISMO
O Espeleo-Turismo é atividade de aventura que consegue unir as emoção do Caving com a preocupação de estudo e preservação da espeleologia.”

(Caving; http://ecoventure.com.br/usuario/GerenciaNavegacao.php?caderno_id=096&nivel=0)

© DR

[Nem mais... Da espeleologia ter-se-á originado, portanto, o caving e o espeleo-turismo. Os nossos amigos brasileiros não descobriram ainda o termo "espeleismo" para substituir o estrangeirismo “caving” ou o mais brejeiro "buraquismo". Mas é tudo uma questão de tempo. Desta forma poderemos explorar grutas alegremente, sem preocupações científicas ou ambientais, não é? Ou diferenciar-nos, nós os espeleólogos, daqueles que não passam de simples curiosos: os buraqueiros. Desculpem, espeleístas. E o espeleo-turismo tem preocupações de estudo e de preservação como a espeleologia? Pois assim seja...]

16/06/2008

As iludências aparudem

Uma imagem vale mais do que mil palavras.” Assim é que é, não é? Bom, mas tendo em conta que a relatividade revela que nem sempre as coisas são o que parecem, e vice-versa, convém ter alguma cautela no uso e seguidismo desta e de outras verdades feitas… O Princípio da Incerteza de Heisenberg, entre outras formulações, veio demonstrar, q.b., as diferenças entre ser e parecer, entre objectividade e subjectividade, entre…
Os ditados populares constituem geralmente tesourinhos - por vezes deprimentes, outras vezes inócuos e outras vezes ainda inspiradores - de sabedoria secular, ampla e gratuitamente propalados, geração após geração, através da tradição oral. Os ditados para além do simples e corriqueiro uso encerram amiúde significados e abrangências que proporcionam e incitam à reflexão. Nesse contexto e numa óptica espeleológica ou espeleísta (seja lá isso o que for!), ocorre-nos o velho e conhecido: “Pela boca morre o peixe”. Frase muitas vezes empregue com o sentido de que falar de mais pode ser prejudicial. Algo que surge em oposição ou em complementaridade de um outro tesourinho tão ou mais conhecido: “Ladram os cães e a caravana passa”. Qualquer coisa na linha de um raciocínio do tipo: antes falarem mal de nós do que pura e simplesmente nada dizerem ou antes dizerem mal do que nos ignorarem. Bien, é caso para perguntar: em que é que ficamos? Em caso de dúvidas basta aplicar as expressões, também muito conhecidas e bem portuguesas: “Meia bola e força” ou “Tudo ao molhe e fé em Deus”.
Estas reflexões surgem numa análise, é certo, superficial do panorama espeleológico português em que uns insistem em falar muito, mesmo muito, e outros persistem num silêncio quase sepulcral. Uns estão numa estratégia de “Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura” e outros numa de “É melhor esperarem sentados para não cansarem as pernas”? Enfim, “Cada um sabe de si e Deus sabe de todos”! Pois é, nem mais! De resto, fica-nos a impressão de que, por vezes, uns estão numa postura mista de marketing directo e talk-show, que roça por vezes o cómico, e outros vivem uma vocação monástica ou de sociedade secreta do género “O Verdadeiro Almanaque Borda d’Água”. Não podemos esquecer ainda os que, numa óptica bipolar, alternam entre essas duas posturas extremas e, por vezes, extremadas. E, a bem da verdade, não esqueçamos ainda aqueles outros que, por opção, estão noutra e “foram pregar para outra freguesia” ou, pura e simplesmente, estão nas “tintas” para os tribalismos que (des)caracterizam o sector.
Dizem alguns que estilos, e gostos, não se discutem e talvez tenham razão, mas não podemos deixar de reflectir sobre as motivações mais profundas, as concepções alternativas ou os estilos diversos daqueles que são atraídos pelo mundo subterrâneo. Ossos do ofício ou simples estudo de caso!? Essa fenomenologia vem de longe e recorda-nos o famoso Athanasius Kircher e o seu Mundus Subterraneus (1665), entre outros autores, obras ou outros modos de expressão, sejam estes sob a forma de palavras, de imagens ou outras.... É certo que Kircher não precisou do bestiário cavernícola que avançou nessa conhecida obra para ser profusamente conhecido, mas certo é que ajudou… Nem que seja no fechado e claustrofóbico meio espeleológico que, apesar de comportar algumas atracções pelo esoterismo, costuma cingir-se a praxis mais terra-a-terra, geralmente previsíveis e mais ou menos politicamente correctas.
Moral da estória: cada um faça uso da razão e da emoção próprias da forma que melhor lhe aprouver, à sua moda ou estilo, seja através de imagens ou de palavras, e sobretudo não se esqueça que as aparências iludem ou as "iludências aparudem"! Nem sempre o que parece é...



12/06/2008

Imagens e palavras

© Imperial College Caving Club Photo Archive

Neste caso, uma imagem vale mais
do que
cem ou sem palavras?

Ar fresco


© Imperial College Caving Club Photo Archive

[Como tenho andado muito ocupado e, sobretudo, arredado dos ecrãs de computador (e ainda bem!) não tenho tido tempo para colocar as tradicionais velhas novidades que têm vindo e virão preencher este espaço da blogosfera dedicado ao mundo subterrâneo. Portanto, para que não pensem que desisti do Spelaion, aqui fica algo de diferente …]

Uma lufada de ar fresco no mundo da espeleo, mais além da "chapa 7" das técnicas padronizadas e pretensamente politicamente correctas.
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P.S.: Por vezes, é bom inovar ou simplesmente sair do espartilho técnico em que nos colocamos, não é?