09/07/2008

Gruta do Almonda


Espeleologia
A interpretação da Gruta do Almonda


[FORA DE PORTAS ● jornal Forum Ambiente nº 122, 28 de Março de 1997]

Gruta do Almonda (PNSAC) © Tiago Petinga (Forum Ambiente, 1997)

A abertura do Espaço Museológico Interpretativo da Gruta do Almonda, projecto integrado nas Rotas Europeias do Carso, está para breve. Pedro Souto da STEA foi o anfitrião da Forum Ambiente na visita ao mundo subterrâneo.

Ultimam-se os preparativos para a abertura do Centro de Interpretação e Acolhimento do Cabeço de Pias (Concelho de Torres Novas, Freguesia de Pedrógão). Este projecto de Turismo Aventura, integrado nas Rotas Europeias do Carso, é gerido pela Sociedade Torrejana de Espeleologia e Arqueologia (STEA) e conta com o apoio da Câmara Municipal de Torres Novas (CMTN) e do Parque Natural das Serras d’Aire e Candeeiros (PNSAC).
A STEA, fundada em 1973, tem desenvolvido actividades nos domínios da espeleologia e arqueologia na região de Torres Novas, nomeadamente o estudo do complexo cársico da Gruta do Almonda. Em 1992, recebeu o prémio JNICT para a investigação arqueológica na área do PNSAC. Paralelamente, tem desenvolvido acções de sensibilização espeleológica com as escolas do concelho.
O projecto do Almonda foi financiado pela Associação de Desenvolvimento do Ribatejo Norte (ADIRN), através do programa Leader 1. Espeleologia, passeios pedestres, mergulho subterrâneo, circuitos arqueológicos de superfície, escalada e orientação são algumas das actividades que o Espaço Museológico da Gruta do Almonda propõe a quem o pretenda visitar. Mas não se fica por aqui. Este espaço situado no Cabeço de Pias, a poucas centenas de metros de uma das entradas da gruta, dispõe de uma zona residencial com 15 camas, áreas de leitura, centro museológico, pequeno auditório e bar. As infraestruturas criadas estão sobretudo vocacionadas para apoiar as actividades a desenvolver no interior da gruta e espaços envolventes.
A visita à Gruta da Nascente do Rio Almonda é um misto de aprendizagem e aventura. A descida faz-se depois de um dia de instruções sobre como manusear o equipamento de espeleologia. Acompanhados por guias da STEA, os visitantes descem pelos próprios meios ao interior da Terra para uma visita que poderá durar cinco horas.
A Gruta do Almonda é a maior cavidade conhecida em Portugal: cerca de 15 quilómetros de desenvolvimento. Esta resulta fundamentalmente da acção de duas ribeiras subterrâneas, a do Oeste e a do Norte, que se juntam perto da nascente. Para além do “Labirinto”, todas as galerias que se conhecem actualmente desenvolvem-se ao longo da Ribeira do Norte, estando em curso os trabalhos de localização das galerias fósseis da Ribeira do Oeste.
Para além de possuir galerias de dimensões consideráveis, algumas delas com bonitos lagos, a Gruta do Almonda é um verdadeiro “tesouro subterrâneo” por diversos motivos. Apresenta concreções de rara beleza (destacando-se as da “Sala Dourada”), marcas de garras e “camas” de Ursus spelaeus, jazidas arqueológicas que vão desde o Paleolítico inferior até à época romana e colónias de morcegos. A Gruta do Almonda é tida como um verdadeiro santuário da espeleologia nacional: a sua exploração remonta a 1937, quando M. Vaultier e J. Bensaude percorreram 50 metros do corredor de entrada.
As visitas ao Centro de Interpretação da Gruta do Almonda estão organizadas, em pacotes de três dias, para grupos de 15 pessoas. Caso pretenda obter informações, contacte a STEA através do telefone (049) 88 16 42.

2 comentários:

Anónimo disse...

O que aconteceu ao CIGA? Será que é mais um elefante branco. Porque não é o PNSAC ou a CM de Torres Novas ou Alcanena a explorar este espaço. Porque não torna-lo numa base de apoio aos espeleólogos e investigadores do carso. Tem que se dar uso a este edifício, ou será mais um devoluto.

Pedro Cuiça disse...

Sobre este assunto prefiro não me pronunciar, ainda para mais quando não acompanhei o processo e não disponho de dados para o fazer. Outros estarão bem melhor posicionados para o fazer.
Que é pena um investimento dessa monta, materializado num conjunto de equipamentos de valor inegável, ter chegado ao ponto a que chegou, não há dúvida. De resto, quem de direito que se pronuncie. E se quiser!
Os temas abordados há mais de uma década na Forum Ambiente, com as devidas e notórias desactualizações, revelam-se, pelos vistos, curiosamente pertinentes. O estimular da reflexão sobre estes temas e o levantar de questões já será positivo, não é?