11/09/2008

Ensino-Aprendizagem

Espeleologia
Ensino nas grutas

[FORA DE PORTAS ● jornal Forum Ambiente nº 187, 26 de Junho de 1998]

© Nuno Antunes (1998)

A Associação dos Espeleólogos de Sintra e a Sociedade Torrejana de Espeleologia e Arqueologia promoveram uma acção de divulgação do “mundo subterrâneo”. O evento, que decorreu nos centros de interpretação do Cabeço de Pias e de Algar do Peno, foi dirigido a um grupo de crianças e aos seus pais, “para que não se repitam os erros do passado”.

A Associação dos Espeleólogos de Sintra (AES) e a Sociedade Torrejana de Espeleologia e Arqueologia (STEA) organizaram, num fim-de-semana de Maio passado, uma acção vocacionada para o ensino da espeleologia e conservação do património cársico. Esta actividade, que teve lugar no Centro de Interpretação Subterrâneo do Algar do Peno, no Maciço Calcário Estremenho, envolveu 26 crianças (com idades compreendidas entre os 11 e os 14 anos), dez pais, oito espeleólogos, dois psicólogos e uma animadora de campo e técnica ambiental.
Gabriel Mendes, espeleólogo da AES, referiu que a actividade foi essencialmente de carácter exploratório, tendo em vista “a avaliação da espeleologia como facilitador da aprendizagem e do desenvolvimento do comportamento individual e social da criança”. Nesse sentido, foram realizados jogos comportamentais e foram recolhidas, através do preenchimento de inquéritos, as expectativas anteriores à actividade e as percepções pós-actividade. As componentes interpretativa e de educação ambiental também fizeram parte do programa de actividades. As crianças contactaram, desse modo, com o “mundo subterrâneo” nas suas diversas facetas: a formação das grutas, as colónias de morcegos e os ecossistemas cavernícolas, as paisagens cársicas e a importância do meio como reservatório de águas doces, etc..
Na execução desta iniciativa foi seguida uma metodologia pedagógica, ainda em desenvolvimento, criada para a possibilitar a instalação e a prática de actividades de desporto-aventura, nomeadamente no que concerne à espeleologia.

Um novo ensino da espeleologia
Consciente da falta de legislação que enquadre a espeleologia e da carência de meios do movimento associativo, a AES está a desenvolver uma metodologia pedagógica assente em cinco objectivos: comportamentais, motores, técnicos, ambientais e científicos. O modelo aplicado à espeleologia foi traduzido numa “Tabela de Intensidades e Incidências” dos diferentes objectivos, relativamente à sua aplicação em cada fase da vida: infância (8-10 anos), pré-adolescência (11-12anos), adolescência I (13-14 anos), adolescência II (15-16 anos) e idade adulta (mais de 16 anos).
A coordenação do projecto está a cargo de Gabriel Mendes (espeleólogo da AES), contando igualmente com o apoio de dois psicólogos, João Antunes (da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias) e José Luís Nascimento (do Instituto Superior de Línguas e Administração). Dessa cooperação resultou “uma nova metodologia pedagógica onde é dada importância acrescida às componentes comportamentais”. O projecto está em fase avançada (sobretudo na faixa etária 11-12 anos) e já existem experiências piloto no terreno. A AES e o Núcleo de Espeleologia da Costa Azul (NECA) estão a executar uma experiência piloto, com a aplicação desta nova metodologia pedagógica a três níveis: um curso de monitores, um curso de coordenadores de actividades espeleológicas e um curso de iniciação à espeleologia. Os resultados dos estudos, ainda em desenvolvimento, serão apresentados no V Encontro Nacional de Espeleologia, que irá decorrer, em Sintra, no próximo mês de Outubro.
As expectativas criadas durante a actividade desenvolvida nos centros de interpretação do Cabeço de Pias e de Algar do Peno serão satisfeitas pela integração de um programa de formação a médio prazo, com a aplicação de metodologia dimensionada para os diferentes níveis etários. Esperam-se iniciativas semelhantes, tendentes a aperfeiçoar o ensino e a divulgação da espeleologia e do carso. Ao ensinar as crianças estar-se-á a assegurar um melhor futuro para a conservação do património subterrâneo. “Para não repetir os erros do passado.”.

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