26/01/2009

Aniversário do NECA

Espeleologia
Um núcleo de parabéns

[FORA DE PORTAS ● jornal Forum Ambiente nº 255, 2 de Novembro de 1999]

O Núcleo de Espeleologia da Costa Azul comemorou quatro anos de actividades em prol do mundo subterrâneo. Um trabalho que se saldou na defesa do carso da Arrábida, na descoberta de inúmeras cavidades e na sedimentação de um núcleo, que está de parabéns.

© Francisco Rasteiro

O Núcleo de Espeleologia da Costa Azul (NECA) comemorou, no dia 24 de Outubro, o seu quarto aniversário. O Retiro dos Amigos, situado na Azóia, foi o local escolhido pelos espeleólogos sesimbrenses para reunir os sócios do núcleo, bem como alguns vereadores da Câmara Municipal de Sesimbra (CMS), num jantar comemorativo, que contou com a presença de um bolo de aniversário alusivo ao evento em questão: quatro anos de espeleologia no Carso da Arrábida indiscutivelmente protagonizados pelo NECA. Após o jantar de confraternização, decorreu uma mostra de diapositivos na sede do NECA: a escola primária situada à entrada da povoação de Pedreiras, junto à Serra do Risco.
As comemorações continuaram a 30 e 31 de Outubro, com uma acção de limpeza na ribeira do Cavalo e no porto da Baleeira, acção levada a cabo com o apoio da CMS e aberta a todos aqueles que desejam uma Arrábida mais limpa.

Em defesa da Arrábida
O NECA surgiu de uma visita de amigos, realizada em 1994, à Gruta do Zambujal, a então "pérola da espeleologia a sul do Tejo”, considerada Sítio Classificado de Interesse Espeleológico (segundo o Decreto-Lei nº 140/79, de 21 de Maio). O avançado estado de degradação em que se encontrava (e se encontra) a cavidade despertou o interesse desses jovens pela defesa do mundo subterrâneo da Arrábida. Daí à fundação do NECA foi um passo. Francisco Rasteiro, João Luz (o “Catola”), Carlos Sirgado, Paulo Marques, Hugo Páscoa e Cândido Guerra, alguns dos sócios fundadores, iniciaram um projecto que comemora agora quatro anos de plena existência. Existência que passou pela denúncia da actividade extractiva junto da Serra do Risco e da arriba mais alta da Europa continental, pelo alerta face ao estado da Gruta do Zambujal, o entulhamento do Algar dos Oliveira após trabalhos de desobstrução, as escavações ilegais na Lapa do Fumo, entre outros “cavalos de batalha”. Mas nem tudo foram críticas…
O NECA também organizou ou participou em diversas acções de limpeza da Arrábida, assim como em acções de educação ambiental e sensibilização dos mais jovens para a conservação do meio subterrâneo têm sido, aliás, as grandes apostas do NECA. Quer no que respeita à conservação da Gruta do Zambujal, em particular, quer à defesa de outros locais de interesse espeleológico. O lançamento do livro e a exposição “Marvilhas Subterrâneas da Costa Azul”, em Agosto de 98, são apenas um exemplo do trabalho desenvolvido.
Além disso, o NECA tem descoberto diversas cavidades. Geralmente são cavidades de pequenas dimensões e pouco concrecionadas, mas a última descoberta dos espeleólogos sesimbrenses foi verdadeiramente excepcional. Se a Gruta do Zambujal era a “pérola da espeleologia a sul do Tejo”, a cavidade agora descoberta é um autêntico tesouro. Tesouro que augura muitos e mais anos devotados à espeleologia.
Parabéns ao NECA e que conte muitos mais anos em prol da descoberta e defesa do Carso da Arrábida.


P.S.: Estamos em 2009, dez anos passados sobre a publicação do artigo acima, e o Núcleo de Espeleologia da Costa Azul (NECA) continua a desenvolver iniciativas em prol do conhecimento e defesa do carso e grutas da Arrábida.

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