28/01/2009

Espeleo-mergulho

Espeleologia
Explorar o mundo submerso


[FORA DE PORTAS ●jornal Forum Ambiente nº 293, 25 de Julho de 2000]

As Jornadas Técnicas de Espeleo-Mergulho, que decorreram no Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros, contaram com a presença de participantes de vários países.

© Piotr Gajek (2000)

O Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros (PNSAC) acolheu, nos dias 18 a 24 de Junho, um encontro internacional de espeleo-mergulho, que reuniu portugueses, franceses, um inglês e um polaco (residente em Portugal). As Jornadas Técnicas de Espeleo-Mergulho, inseridas no Projecto da Bacia do Alviela, foram organizadas pela Sociedade Portuguesa de Espeleologia (SPE), com o apoio da Federação Portuguesa de Actividades Subaquáticas (FPAS) e o patrocínio do PNSAC, Empresa das Águas Livres (EPAL) e Câmara Municipal de Alcanena (CMA). A coordenação técnica esteve a cargo da Fédération Française de Spéléologie (FFS) - Commission de la Plongée Souterraine (CPS). A organização teve ainda a colaboração da Oceanox e da Action Glob.
As jornadas contaram com a presença de quatro instrutores franceses de espeleo-mergulho, entre os quais o presidente da comissão francesa de espeleo-mergulho da FFS. Os “espeleonautas” acolheram-se na casa rural de Valverde, onde decorreram as sessões teórico-práticas matinais. À tarde realizaram-se sessões práticas nos Olhos de Água do Alviela, nomeadamente acerca das técnicas de progressão e estudo de cavidades molhadas.

Encontro de espeleo-mergulhadores
As Jornadas Técnicas de Espeleologia, segundo Piotr Gajek do Centro de Espeleo-Mergulho da SPE, pretenderam estimular a troca de experiências no sentido de tentar uniformizar regras, discutindo sempre se uma determinada maneira de fazer será ou não adequada em todos os locais ou condições. As jornadas foram pensadas como um curso (com respectivo manual), ministrado por quatro instrutores franceses e dois portugueses, cuja frequência com aproveitamento deu direito ao cartão Cave Diver CMAS (Confederação Mundial das Actividades Subaquáticas).
De manhã, abordaram-se variados aspectos do espeleo-mergulho, intercalados com pequenas sessões práticas em seco. Como “usar fio de ariane, usar carretos e qual a melhor maneira de equipar galerias subaquáticas, treinando de vez em quando com os olhos tapados para adaptar os participantes ao que pode acontecer sem luz dentro de uma gruta ou na situação de haver muito sedimento e a água ficar muito turva”.
No final das sessões teórico-práticas, os participantes preparavam o equipamento para, depois do almoço, agarrarem os sacos de material de espeleologia e de mergulho e irem praticar para o Alviela. A totalidade dos mergulhos foram efectuados no Alviela, com excepção de segunda-feira (dia 19 de Junho) em que os instrutores franceses foram (re)ver algumas grutas estremenhas.
As partes molhadas não podem ser exploradas da forma tadicional, através das técnicas usadas na designada “espeleologia seca”. Os pequenos sifões poderão ser ultrapasados através de técnicas de apneia, mas o espeleo-mergulho é que permite realmente explorar o património espeleológico submerso. Nos Olhos de Água do Alviela, mergulhadores franceses já desceram até 98 metros de profundidade, ao longo de cerca de um quilómetro de desenvolvimento, e “ainda não se conhece a zona onde o sifão começa a subir”.
Nas jornadas só foram admitidos mergulhadores consumados, com perfeito controlo da flutuabilidade (usando equipamento de diferentes configurações). As pessoas que pretendem iniciar-se no espeleo-mergulho precisam de possuir um bom nível no mergulho autónomo.
© Piotr Gajek (2000)

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