27/01/2010

Síndroma do Nariz Branco (III)

O Síndroma do Nariz Branco, que já terá matado mais de um milhão de morcegos nos Estados Unidos (ver www.caves.org/WNS/), foi detectado na Europa, mais precisamente na Dordonha (Aquitânia, França). A ocorrência está apontada num artigo da autoria de Sébastien Puechmaille et al., do University College Dublin (Irlanda): White-Nose Syndrome Fungus (Geomyces destructans) in Bat, France.


(Fonte: Sérgio Medeiros; Foto: Nancy Heaslip)

26/01/2010

O Diablo que nos carregue :)

O Diablo é um aparelho da Edelweiss pensado para fazer segurança e descer em rapel e, segundo a ficha técnica do fabricante, foi concebido “só para escalada e alpinismo” (fig. 1). No entanto, a sua utilização na prática de canyoning revela-se bastante interessante pela sua polivalência, aliada à eficácia e simplicidade de uso.

O Diablo (Edelweiss) reúne algumas das particularidades de um Oito (CMI, Stubai, Simond, Faders, Petzl, Black Diamond, etc.), nomeadamente as boas prestações nas descidas em rapel, e de uma placa tipo Sticht (DMM, Cassin, Camp, Clog, HB, etc.) ou upgrades da mesma como a Magic (New Alp) ou a Gi-Gi (Kong), no que concerne às boas prestações a fazer segurança. Mas vai mais além ao permitir efectuar segurança estática ao corpo, como num Logic (Cassin), ou permitir efectuar uma série de posições de travagem suplementares e muito práticas, como num Pirana (Petzl) ou num Nove. Esta última vantagem, face ao Oito, torna o Diablo particularmente indicado para a execução de manobras/técnicas ligeiras, na descida em rapel com corda simples e, por maioria de razões, com corda fina (8 a 9 mm).
Tal como acontece com o Nove e o Pirana, com o Diablo não existe o perigo de ficar bloqueado num rapel, como pode acontecer com o Oito, devido à formação de nó de cotovia (alondra).

O Diablo começa por ser um aparelho excelente para fazer segurança, em simples ou em duplo. A possibilidade de fazer uma segurança de qualidade em canyoning, adaptada às circunstâncias, é uma mais valia para aproximações a cabeceiras de rapel, montagem de corrimões ou em escapatórias que exijam escalada, entre outras manobras.
O fabricante indica duas posições para fazer segurança: uma tipo “oito rápido” (sistema rápido Bachli) (fig. 2) e outra como placa auto-bloqueante (fig. 3). A primeira forma de utilização é indicada para fazer segurança ao corpo a um primeiro ou a um segundo de cordada (com a corda redireccionada a uma reunião). A segunda utilização, montada directamente numa reunião, é indicada para fazer segurança a um ou dois segundos de cordada. Ambas as formas de fazer segurança, por serem estáticas, são indicadas para “vias” equipadas com ancoragens à prova de bomba (pernos, buchas químicas ou similares). Mas, face a seguros amovíveis (pitões, entaladores ou friends), o Diablo também pode efectuar segurança dinâmica ao ser utilizado como uma placa tipo Sticht (fig. 4).

Fig. 2: “Diablo rápido” (sistema rápido Bachli)

Fig. 3: Diablo a funcionar como placa auto-bloqueante.

Fig. 4: Diablo a funcionar como placa Sticht.

No rapel, para além da posição (1) tipo “rápido com roçamento no topo” (fig. 5) preconizada pelo fabricante, é fácil inferir a possibilidade de aumentar o atrito efectuando (2) um rápido com roçamento no topo e mosquetão de reenvio (fig. 6), (3) um vertaco (fig. 7), (4) um “vertaco com duplo roçamento no topo” (fig. 8) ou (5) um vertaco com duplo roçamento no topo e mosquetão de reenvio (fig. 9). Ao todo cinco posições com base no “oito rápido”, o que facilita a manobra de retiar a corda do aparelho, sem o perder, no final de uma cascata. A mudança de posições é extremamente fácil, mesmo sob carga, sendo possível, segundo as necessidades, aumentar ou diminuir o atrito da corda com o aparelho.

Fig. 5: Diablo tipo “rápido com roçamento no topo”.

Fig. 6: Diablo em rápido com roçamento no topo e mosquetão de reenvio.

Fig. 7: Diablo em Vertaco.

Fig. 8: Diablo em “vertaco com duplo roçamento no topo”.

Fig. 9: Diablo em vertaco com duplo roçamento no topo e mosquetão de reenvio.

A possibilidade de executar uma chave de bloqueio (fig. 10) tipo mula é extremamente fácil em todas as cinco posições de rapel.

Fig. 10: Diablo em rápido com roçamento no topo e chave de bloqueio tipo mula.

A passagem da posição “rápido com roçamento no topo” a “rápido” pode originar posição de paragem (fig. 11), se se baixar a mão que controla a velocidade do rapel, com consequente situação de bloqueio num rapel suspenso!

Fig. 11: Diablo em posição de paragem.

O aparelho também pode ser utilizado em posição “rápido” num rapel em auto-molinete (fig. 12), por exemplo para montar um corrimão ou um corrimão rapelável.

Fig. 12: A corda é ligada ao arnês através de nó de nove e o Diablo é colocado no outro extremo da corda em posição rápido/paragem num rapel em auto-molinete.

No rapel em duplo, as cordas podem passar no aparelho separadas (fig. 13), sem se cruzarem, e saírem, uma para a direita e outra para a esquerda, cada uma para o seu respectivo saco de corda (kitbull), facilitando a instalação das cordas e a recuperação das mesmas no final da manobra.

Fig. 13: Diablo em rapel em duplo com cordas separadas.

O Diablo pode ainda ser utilizado, com claras vantagens, em inversões e subida por corda fixa. A posição de “rápido com roçamento no topo”, utilizada para descer em rapel, pode passar rápida e facilmente para a posição de “Diablo rápido” e posição de paragem. A alternância destas duas últimas posições, em conjugação com um nó valdostano (e pedal) ou outro nó auto-bloqueante, permite a subida por corda fixa. A subida por corda também pode ser efectuada com o Diablo a funcionar como placa autobloqueante, mais valdostano (e pedal) ou outro nó auto-bloqueante.
A descida em rapel com o Diablo ligado directamente ao arnês, através de mosquetão, e auto-segurança situada acima do aparelho permite, depois de colocar um pedal ligado ao nó autobloqueante, inverter o sentido de progressão a qualquer momento. Nas experiências que efectuámos, o método revelou-se bastante eficaz em “cordas grossas” (> 10 mm) com os nós valdostano e prusik assimétrico, efectuados com a Vulcano (Beal), e para cordas finas (8 a 9 mm) com os nós Machard bidireccional e Prusik, feitos com anéis de cordeleta de poliamida de 6 mm ou kevlar 5 mm. Ambos os nós funcionam quer em corda simples quer em dupla, no entanto o “Diablo rápido” só funciona bem com corda simples. Em corda dupla é melhor utilizar o Diablo como uma placa auto-bloqueante.

O Diablo revela-se igualmente muito interessante no que concerne à instalação da corda de rapel. Pode ser utilizado na montagem de cabeceira desembraiável (débrayable) (fig. 14), com Diablo embutido (en butée), em simples ou em duplo com controlo de cada corda independente mesmo sob carga. A chave de bloqueio tipo mula é fácil de fazer (fig. 15). E também pode ser usado na montagem de cabeceira regulável (technique réglable) (fig. 16), em simples ou em duplo (com controlo de cada corda independente).

Fig. 14: Diablo usado na montagem de cabeceira regulável (technique réglable).


Fig. 15: Chave de bloqueio de sistema desembraiável.

Fig. 16: Diablo usado na montagem de cabeceira regulável (technique réglable).

Por estas e por outras (técnicas, entenda-se!), é que vou passar a levar sempre um Diablo para os canyons. Claro, acompanhado por um Oito ou, melhor, um Oito Duplo :)

Neste post apenas destaco algumas possibilidades de utilização do Diablo na prática de canyoning, sem pretender ser exaustivo (nem este seria o suporte adequado para tal) no que concerne às especificidades e cambiantes inerentes a cada uma das técnicas. Por outro lado, é óbvio que as potencialidades deste aparelho não se esgotam, de todo, nas técnicas sumariamente apresentadas.

As manobras apresentadas acima foram devidamente experimentadas no terreno, mas não será demais assinalar que o uso deste aparelho, no que concerne às novas técnicas descritas, ainda se encontra em fase de testes. É fundamental que quem as pretenda aplicar possua conhecimentos e treino específicos na prática de canyoning. Como adverte o fabricante: “Este produto só deve ser utilizado por pessoas competentes. O incumprimento destas normas aumenta o risco de ferimentos ou morte.” O autor não se responsabiliza por eventual incidente ou acidente que possa advir da aplicação das técnicas descritas.

De resto, “o Diablo que vos carregue” tal como tão bem me tem carregado a mim. Experimentem. Se não gostarem ponham de lado! Se gostarem usufruam e descubram novas aplicações para este multifacetado aparelho.

11/01/2010

Maravilhas naturais

A Gruta do Frade e a Serra do Risco (!) foram os "monumentos" naturais escolhidos para representar o concelho de Sesimbra na eleição das Sete Maravilhas Naturais de Portugal. Os dois locais fazem parte de um leque de cerca de 800 escolhas, das quais 77 especialistas, representantes de várias áreas científicas, irão eleger as 77 maravilhas naturais pré-finalistas. Posteriormente, um painel de 21 jurados anunciará as 21 maravilhas finalistas, de onde sairão os sete monumentos seleccionados. Os vencedores nacionais serão conhecidos a 7 de Setembro de 2010, para serem depois integrados numa nova votação, desta feita a nível mundial.